sábado, 21 de agosto de 2010

Review: Shin Megami Tensei: Persona 3 Portable (PSP)

Shin Megami Tensei: Persona 3 Portable (2010, PlayStation Portable)



Parem as prensas! O inimaginável aconteceu: Encontrei um jogo que chute bundas suficientes para ter vontade de comprar um PSP.

É, eu sei, também fiquei surpreso. Acontece que ao jogar Persona 3 Portable, o título entrou automaticamente na minha lista de "melhores jogos que já joguei na minha vida" e se tornou um dos meus jogos preferidos.

Quer saber por que? Me acompanhe por esse texto, e eu vou tentar explicar!




Não te culpo se você nunca jogou este game. Mesmo ele tendo três versões não muito diferentes entre si, a maioria das pessoas que conheço não o fez.

SMT: Persona 3 foi originalmente lançado para o PlayStation 2, em 2007 na América (2006 no Japão), teve uma versão "turbinada" chamada Shin Megami Tensei: Persona 3 FES, lançada no ano seguinte igualmente para o PS2 e agora a terceira, lançada esse ano para o portátil da Sony.

Como o próprio nome diz, o game faz parte da série Shin Megami Tensei. Não digo que é um spin-off, pois Persona tem quatro títulos, é muito bem desenvolvido em diversos aspectos, e por esses e diversos outros motivos, merece ser considerado como uma série autônoma ao invés de um mero spin-off.

De qualquer forma, mesmo que tenha jogado alguma das versões do PS2 (principalmente a primeira), existem vários motivos para se jogar esse game novamente neste relançamento para o portátil.

Primeiramente, o jogo não é simplesmente um port. É verdade que grande parte dele vem da versão FES do PS2, mas mesmo assim algumas adições exclusivas fazem com que até mesmo que já terminou o game no console de mesa da Sony tenham motivos de sobra para rejogá-lo.

Só para começar, aqui há a possibilidade de se escolher uma personagem feminina no começo do jogo. Diferente da maioria dos games onde essa opção pode ser feita, aqui isso realmente interfere na história do game, nem que seja um pouco. Optando pela garota, que foi feita não apenas para as jogadoras femininas do game mas para os jogadores que já jogaram a versão doméstica e buscam algo um pouco diferente (algo que o próprio jogo deixa explícito logo no começo), é possível notar algumas alterações no enredo principal do game, como os Social Links que o jogador deve fazer, entre outros.



Basicamente, o enredo do jogo conta a história de um(a) garoto(a) que acabou de chegar em uma nova cidade, onde iria a uma escola nova, a caminho do seu novo dormitório algumas coisas estranhas já começam a acontecer. O protagonista percebe que a lua está imensa, o céu está verde, isso sem contar os inúmeros caixões que estão parados em pé na rua. Ao chegar ao dormitório, é surpreendido por um garoto com uma aparência no mínimo estranha, que pede para que você assine uma espécie de contrato, em que diz que você é completamente responsável pelas escolhas que fizer. A partir daí, as coisas vão ficando cada vez mais bizarras e quse tudo o que eu disser pode ser considerado spoil.

Confesso que nunca joguei nenhuma das outras versões do game. Mas, pelo que li, a edição portátil traz motivos de sobra para motivarem os jogadores de longa data a pelo menos darem uma conferida nesta nova versão, como por exemplo, a possibilidade de agora manipular todos os membros do seu time. Na versão doméstica, todos os seus parceiros eram controlados pela AI que, convenhamos, nem sempre faz o seu trabalho direito. Mesmo que eu já tivesse terminado o jogo no PS2, só isso já me faria ter vontade de jogar de novo.

Visualmente falando, o jogo não perde muito para as versões domésticas na parte prática. As explorações do Tartarus contam com cenários que, apesar de pouco variados, são bem detalhados. As dungeons especiais onde o jogador enfrenta os doze Shadows que representam as Arcanas principais também são bem detalhados e passam bem a sensação de desespero que a Dark Hour deixa. A única diferença, visualmente falando, entre P3FES e P3P são as animações dos modelos 3D ao fundo dos diálogos do jogo, que aqui foram removidas e as conversas são ilustradas apenas pelos portraits dos personagens, que por sua vez trazem várias expressões diferentes.

A parte sonora é muito interessante. Sendo composta tanto por músicas cantadas quanto por arranjos instrumentais bem desenvolvidos, todos os momentos do jogo possuem uma trilha sonora muito bem composta. Além disso, as cenas mais importantes dos diálogos possuem dublagens que, apesar de não possuírem a dublagem original japonesa como opção, não desapontam. Este é um dos raros jogos orientais em que a dublagem ocidental foi muito bem feita, e nenhum personagem tem uma voz destoante com sua imagem.

A trilha sonora do game, de algum modo, me lembra da de The World Ends With You, do DS. E de maneira alguma isso é algo ruim.

Quanto à jogabilidade, esta é bem simples. Como grande parte do jogo é composta por diálogos, basta apertar o X para avançá-los. Durante o dia, o jogador deve mover um cursor pelo ambiente, parecido com um jogo "point-and-click", o que seria muito mais bem desenvolvido no DS devido à touch screen, mas funciona bem no PSP também. Já quando está em Tartarus, o jogador deve movimentar os personagens pela dungeon utilizando o analógico ou os direcionais digitais, o que preferir. Nas batalhas, que são por turnos, os comandos são os básicos de RPGs do estilo também, sem nenhum mistério.



O fator replay é garantido. Além da história bem envolvente, os jogadores mais dedicados podem tentar completar o Persona Compendium, que é uma espécie de "PokéDex" do jogo, onde ficam registradas todas as Personas que já foram obtidas. E como se tudo isso ainda não fosse suficiente, existem vários Social Links que devem ser maximizados, e a cada encontro com um personagem, é possível ficar mais próximo do mesmo e aprender um pouco sobre sua história, personalidade, gostos, entre outras características. E como o jogo te dá liberdade para fazer praticamente tudo o que quiser quando quiser, é bem difícil ficar enjoado do game.

E vai um destaque aos Personas. São muitos (não me recordo agora o número exato) monstros a disposição do jogador, e todos eles são baseados em criaturas míticas de várias mitologias diferentes, como grega, hindu, romana, cristã, entre outras. Existem vários seres mitológicos conhecidos, que vão desde Thor, Lilith e Titan até Lucifer, Messiah e Gabriel. Todos as criaturas são muito bem desenhadas, e algumas tem um design bem diferente do que estamos habituados. Além disso, quando o jogador obtém um Persona novo, ele é adicionado ao Compendium e lá é possível checar um pouco da lenda ou mito daquela criatura.



Ou seja, Persona 3 tem conteúdo suficiente para permanecer no seu PSP por um bom tempo.

Porém, infelizmente, SMT: Persona 3 Portable não é um jogo para todos. Assim como disse na review de TWEWY, este game também fica restrito a fãs de RPG com bastante paciência para a leitura, pois caso os diálogos sejam ignorados, o jogo se torna bem pouco atraente. Além disso, é um game extenso e que exige bastante dedicação, com mais de 60 horas de duração.

É complicado tentar passar todo o prazer de se jogar Persona por meio de um texto. Sendo assim, o melhor conselho que eu posso dar é jogue, porque garanto que não vai se arrepender. Se você possuir um PSP e for um fã de RPGs, estará fazendo um favor a si mesmo.

Avaliação:
Gráficos: 9
Jogabilidade: 9
Som: 10
Diversão: 10
Replay: 9
Enredo: 10
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Nota final: 9,5
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Comentário final:
Este é, sem dúvidas, um dos melhores jogos que já tive a oportunidade de jogar. Maldita Atlus, me fazendo desembolsar mais dinheiro com uma nova plataforma!

Pontos fortes: Enredo envolvente, visual bem feito, trilha sonora bem trabalhada e fator replay alto

Pontos fracos: Ter só um local para caçar pode se tornar repetitivo

Vídeo: