sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Review: Scott Pilgrim vs. The World: The Game (PS3)

Review: Scott Pilgrim vs. The World: The Game (2010, PlayStation 3 via PlayStation Network)



Mais um jogo baseado em material externo. Porém, dessa vez, Scott Pilgrim vs. The World: The Game, tendo o material de origem que tem, não deixou margem para dúvidas de que seria um ótimo game.

Aos que não conhecem, explico; O jogo é baseado na graphic novel Scott Pilgrim, de autoria de Brian Lee O'Malley. Scott Pilgrim conta a história de Scott (cujo sobrenome é Pilgrim, quem adivinhou ganha um doce), um jovem canadense nerd que tem uma banda de rock. Scott então se apaixona por Ramona Flowers, uma garota americana que trabalha como entregadora na Amazon.ca. No entanto, para namorar Ramona, Scott precisa derrotar seus 7 ex-namorados do mal. A série de graphic novels tem 6 edições e toneladas de referências a cultura pop em geral, como música, filmes, televisão e, principalmente, video games. Os livros fizeram sucesso suficiente para renderem uma adaptação cinematográfica (excelente, diga-se de passagem) e o jogo, foco da análise. Para não me prolongar mais nesse aspecto, encerro dizendo: leiam. Não se arrependerão.



Assim como o quadrinho e o filme, o game conta com um caminhão de referências às mais diversas séries do mundo dos video games, e é um prato cheio para os fãs de jogos antigos, que certamente reconhecerão vários. As tais referências vão desde games extremamente conhecidos como Super Mario World até games mais underground como Clash at Demonhead.

A primeira coisa a se notar quando iniciamos o jogo é o estilo visual. Feito para parecer um beat'em up da saudosa era 16-bits, sendo que o game segue o estilo de clássicos como Final Fight, River City Ransom, entre tantos outros representates do estilo beat'em up, tão popular na época do SNES. Totalmente pixelizado, Scott Pilgrim vs. The World: The Game é uma experiência visual interessante e muito agradável, principalmente para os fãs de pixelart e jogos antigos. Com uma grande variedade de cenários e personagens muito bem animados, os gráficos são muito bonitos e trazem nostalgia a todo momento.



O som segue a mesma linha, com músicas agitadas que compõe o clima frenético do game. Todas elas, obviamente, desenvolvidas para soarem como num jogo antigo cartucho. Os controles são simples e funcionais. Um botão para ataque fraco, um pra forte, um pra pulo e um pra defesa. É possível ainda pegar itens no chão e usá-los para espancar oponentes ou arremessá-los. O jogo conta ainda com um sistema de levels, que vai até o nível 16 e presenteia o jogador com uma nova técnica de combate a cada nível avançado, o que é muito bom.

Basicamente, o jogo foi feito para ser jogado em multiplayer. É claro que é possível jogar single-player e se divertir bastante, mas adicionando mais três players à disputa é o mesmo que multiplicar a diversão por 4. E sendo assim, é possível jogar com diversos personagens diferentes, todos vindo diretamente do quadrinho. A princípio, o jogador pode escolher entre Scott Pilgrim, Ramona Flowers, Kim Pine ou Stephen Stills (e, se desembolsar mais 2 dólares pelo DLC, Knives Chau) para sair esmurrando os inimigos, mas é possível desbloquear mais um. Além do número alto de personagens, cada um ainda conta com diversas paletas de cores para se escolher. Todos os personagens contam com um sistema de jogo basicamente igual, diferenciando apenas em algumas técnicas aprendidas, o assist (que é diferente para cada um) e alguns outros pormenores.



Porém, apesar de ter um multiplayer bastante divertido, o jogo não conta com um modo online. Uma decisão um tanto quanto... incompreensível, por parte da Ubisoft. Apesar de tentar remeter a um jogo antigo, limitações como essa poderiam ser dribladas para aumentar ainda mais a qualidade e diversão proporcionadas pelo game. Castle Crashers está aí pra mostrar que é possível fazer um beat'em up excelente para quatro players com multiplayer online, então por que Scott Pilgrim não pode, Ubisoft?

O jogo é dividido em 8 níveis, que ficam disponíveis para serem acessados em qualquer ordem depois de completados, num mapa à lá Super Mario World. Apesar dos níveis serem extensos, ainda assim são poucos, tornando o jogo curto. Porém, não havia muito o que se fazer nesse aspecto; o jogo criou um estágio (grande) para cada luta contra os Evil Ex da comic, e ainda adicionou um estágio para um combate com NegaScott, então ficou tudo num tamanho aceitável. Além disso, pelo preço pago na PSN e o tamanho do jogo, não há do que se reclamar.

Porém, para prorrogar o tempo de jogo, existem alguns modos extras que vão desde um modo de sobrevivência em que deve se enfrentar hordas de zumbis ao clássico boss rush, em que se deve enfrentar todos os mestres em sequência. Existem ainda mais dois modos extras para multiplayer adicionados via DLC, o mesmo que adiciona Knives Chau como personagem jogável, por apenas 2 dólares.



Obviamente, Scott Pilgrim vs. The World: The Game é infinitamente melhor aproveitado por alguém que já tenha lido a graphic novel ou visto o filme (de preferência ambos, mas a primeira é ainda mais importante), já que o game não conta absolutamente nada da história, então algumas pessoas podem não entender algumas coisas. Porém, ainda assim os que pegarem o jogo sem conhecer a obra original certamente aproveitarão bastante pelo excelente gameplay criado.

Avaliação:
Gráficos: 9
Jogabilidade: 9
Som: 10
Diversão: 10
Replay: 8,5
Enredo: 7
-
Nota final: 9
-
Comentário Final:
Scott Pilgrim vs. The World: The Game é uma ótima pedida para se jogar com amigos, e até mesmo sozinho. Além de ativar o modo nostalgia fortemente, é uma ótima experiência como um todo.

Pontos fortes: Gráficos retrô porém belos, trilha sonora legal e recheado de referências claras;

Pontos fracos: Falta de modo online e um tanto quanto curto;

Vídeo:

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Review: Batman: Arkham Asylum (PS3)

Batman: Arkham Asylum (2009, PlayStation 3)



Yep, comprei um PS3. Já tinha a edição de colecionador desse jogo antes de comprar o console, na verdade, então foi o primeiro jogo que eu joguei e terminei.

Supriu as expectativas? Bem, vamos descobrir!

É de conhecimento geral de que um jogo baseado em qualquer tipo de material externo ao mundo dos games raramente dá certo. Os exemplos podem ser contados nos dedos das duas mãos, e os que são realmente bons jogos, com uma mão só. Essa máxima é especialmente válida para jogos baseados em filmes, mas também podemos aplicar a games baseados em brinquedos, desenhos animados ou quadrinhos, como é o caso de Batman Arkham Asylum.



Diferente do que alguns pensam (não me pergunte como), Batman Arkham Asylum não foi feito com inspiração em nenhum filme, muito menos lançado para promover um. Isso por si só já é muito bom. Temos aqui uma história totalmente original do morcego, feita especialmente para o jogo. Acabou de ficar ainda melhor, não?

A história, escrita pelo veterano Paul Dini, é totalmente original e extremamente competente. Tudo começa quando Batman prende o Coringa e leva-o até a ilha, ao Asilo Arkham, uma espécie de prisão/sanatório de Gotham City, onde ficam grande parte dos super-vilões do morcego. Um pouco desconfiado pela fácil rendição do príncipe-palhaço do crime, Batman decide acompanhar os policiais e médicos para levar o Coringa em cativeiro. Sendo Batman o maior detetive de todos os tempos, não é difícil entender que ele estava certo em suas suspeitas, Coringa planejava ser levado ao Arkham desde o princípio, e é ai que a história começa; o palhaço está solto no asilo, controlando todos os internos e prisioneiros de Blackgate que haviam sido transferidos, e cabe ao Batman por um fim nessa casa-da-mãe-joana.

A história toda flui muito bem durante todo o jogo, e estar preso na ilha é um ótimo pretexto para fazer com que o morcego tenha combates com grande parte dos seus mais icônicos inimigos, como Hera Venenosa, Bane, Croc, Arlequina e, claro, o Coringa. E já que o Asilo se situa em uma ilha enorme que abriga apenas a propriedade, temos um local consideravelmente grande para ser explorado e e com ambientes surpreendentemente variados. Temos o sanatório, os esgotos, a estufa e até mesmo as celas de prisioneiros. O jogo, na maior parte do tempo, mantém o jogador caminhando por ambientes apertados e claustrofóbicos, mas tudo se encaixa muito bem com o tema.



O visual do jogo é fantástico, mesmo quando colocado lado a lado com jogos desse ano. Tanto os cenários quanto os personagens são extremamente bem feitos, até mesmo os inimigos comuns. Como não podia deixar de ser, Batman e os chefes tem um cuidado visual mais notável, sendo o morcego um destaque ainda maior. O nível de detalhes do herói é surpreendente, com aspectos representados nos mínimos detalhes, como a barba por fazer (que vai crescendo durante o jogo), a roupa que sofre danos durante o progresso (arranhões, sujeira e rasgos) e, principalmente, a capa.

A capa do Batman (sem piadas infames) foi tratada pelos produtores, segundo palavras deles próprios, como um personagem próprio. A capa é um dos (senão o) elementos mais icônicos na composição visual do personagem, e foi com essa importância que ela foi tratada em Batman Arkham Asylum. O cuidado com a fluidez dos movimentos da capa foi notável, e é muito raro vermos a mesma atravessando qualquer coisa, seja o Batman, os inimigos ou o chão. E ao decorrer do jogo, assim como as demais partes do uniforme do morcego, a capa vai ficando cada vez mais danificada. Começando com dois cortes diagonais leves no meio do adereço, o jogador termina o game com praticamente metade da capa.

Isso em nada interfere na prática, mas é esse nível de cuidado com pequenos detalhes que mostra o quão atenciosos foram na hora de produzir o game. E Arkham Asylum é justamente isso, uma obra feita de fãs para fãs do morcego. Não que os demais não poderão usufruir do game, muito pelo contrário. Até mesmo quem nunca leu ao menos uma história do maior detetive de todos os tempos consegue se divertir com o jogo pois, além de um game baseado numa série com toneladas de easter eggs para os fãs mais assíduos, o jogo conta com um gameplay muito prazeroso de se jogar.



Não é exagero dizer que Batman: Arkham Asylum tem, facilmente, o melhor sistema de combate da geração. Trazendo uma mecânica bem diferente dos demais jogos que já vimos, AA apresenta batalhas fluídas, bonitas e praticamente cinematográficas. Abrindo mão do apertar desenfreado de botões aleatórios, basicamente todos os botões do DualShock 3 são utilizados. Só nos quatro botões faciais, temos o quadrado para sequências de socos/chutes, X é utilizado para pular sobre seus adversários ou esquivar-se, círculo para atordoar os oponentes com a capa e triângulo fica responsável pelos contra-ataques, e são justamente eles que dão o brilho a esse aparentemente complicado sistema. Masterizando a técnica de usar contra-ataques nos momentos oportunos, é possível passar o jogo todo sem tomar golpes dos oponentes comuns. Obviamente, isso não é tarefa fácil.

Existem mais técnicas ainda que ficam a cargo do L1 e R2 e junção de outros botões, mas aí é melhor deixar a cargo do jogador descobrí-las. E não se assuste, pois à primeira vista pode até parecer algo um tanto quanto complicado, mas na verdade é bem simples e, quando menos esperar, já estará fazendo combos de encher os olhos como se você mesmo estivesse no jogo, de tão natural que é tudo isso.

A trilha sonora não fica atrás e compõe bem o espetáculo que é Arkham Asylum. Não são todos os momentos que levam músicas ao fundo, mas isso só ajuda a criar a atmosfera da vez. As músicas, quando tocam, fazem parte de toda a ambientação tensa que o jogo propõe, totalmente auxiliada pela dublagem excelente do game (feita pelos mesmos dubladores oficiais de Batman Animated, a série de animação dos anos 90 que todos amamos), com destaque para Mark Hamill que, novamente, dá vida ao Coringa com maestria implacável. Os efeitos sonoros como um todo também são muito competentes.

A campanha principal do jogo não é lá muito longa - 10 horas são suficientes para finalizá-la - mas está dentro dos padrões da nova geração. Por outro lado, o jogo conta com bastante conteúdo extra para fazer com que o jogador fique bastante tempo entretido com o game, como por exemplo os 250 desafios do Charada escondidos pela ilha (isto é, caso não seja utilizado nenhum guia de auxílio). Entre os desafios, temos troféus escondidos, enigmas a serem resolvidos, itens secretos e outras coisas mais. Nesse meio, temos algumas fitas de entrevista com pacientes do asilo, como o Coringa, Espantalho, Arlequina e por aí vai. Essas fitas mostram como foram algumas sessões terapêuticas com os citados internos, e são todas muito interessantes, principalmente se você for fã de carteirinha do universo do Batman. O jogo conta também com um arquivo de personagens, muitos até que nem estão presentes "em pessoa" no jogo, com diversas informações interessantes.



E se você já está satisfeito com tudo isso (e se você não está também), calma que ainda tem mais. Além do modo campanha de jogo, temos também mapas de desafios à parte, que não são necessários para completar a história do game mas não passarão batido pelos que miram alcançar os 100% do jogo. Esses desafios são divididos em dois grupos; os Combat Challenges e os Predator Challenges. Os primeiros nada mais são do que mapas fechados que, divididos por rounds, lançam inimigos contra o jogador, que deve derrubá-los buscando obter a maior pontuação possível. Nada fácil, pois cada desafio conta com 3 rankings de pontuação, que pode ser bem difícil de atingir e, para que seja alcançado o tão cobiçado 100%, é necessário obter o ranking máximo em todos. Já o segundo é um modo composto por fases que, embora também limitadas, são bem maiores que as do primeiro modo. Aqui, o objetivo principal é eliminar todos os inimigos sem ser notado. Cada nível conta com três "sub-objetivos" que também devem ser cumpridos para que o 100% seja atingido. Os objetivos variam do simples "derrote todos os inimigos sem ser notado" ao complexo "derrote três inimigos com três explosões simultâneas de três paredes distintas", e ainda complicam mais.

E para os proprietários de PS3, um bônus! Além de receberem um jogo com um visual ligeiramente mais polido, os jogadores do lado PSN da força ainda tem mais mapas extras para jogar com outro personagem... o Coringa! Isso mesmo, você pode controlar o príncipe-palhaço do crime por diversos níveis de Challenge Maps, tanto Combat Challenges quanto Predator Challenges, no mesmo esquema dos do Batman. O vilão ainda conta com técnicas totalmente diferentes das do morcego, e, obviamente, ao invés de bandidos deve derrubar policiais (até mesmo o Comissário Gordon entra na briga às vezes!). Esse extra é exclusivo do PlayStation 3 e é gratuito. Tinha como ser melhor?

Batman: Arkham Asylum é, entre suas muitas classificações, uma surpresa totalmente agradável. Aparecendo num momento em que praticamente ninguém punha fé no título, mostrou-se ser, indubitavelmente, o melhor jogo de herói já feito e, com certeza, um dos melhores jogos das plataformas em que está disponível. E isso fica ainda mais claro quando você é um fã do morcego.



Avaliação:
Gráficos: 10
Jogabilidade: 10
Som: 10
Diversão: 10
Replay: 9,5
Enredo: 9
-
Nota final: 10
-

Comentário Final: Batman: Arkham Asylum tornou-se parâmetro de comparação para qualquer jogo que leve o nome de um herói na capa. E isso só reforça o quanto esse jogo é genial. AA ainda vai além e prova que jogos baseados em franquias oriundas de fora dos games tem podem muito bem se tornarem jogos "AAA".

Pontos fortes: Jogo extremamente bem feito como um todo, gráficos belíssimos, rico em detalhes, sistema de combate original e totalmente funcional, entre muitos outros;

Pontos fracos: Batman: Arkham City, continuação do game, ainda não saiu;

Vídeo: